Curiosamente desde criança
Carolina se sentia protegida quando chovia. Mudou-se e a situação virou o
inverso. Na nova cidade sentia que o céu ia desabar a cada acúmulo de nuvens ou
temperaturas nubladas. Talvez pela cidade em si subverter toda a vida existente
às águas que corriam em rios a cada chuva. A terra ali não parecia sorver o
suficiente das gotas. Sobrava. E corria para os barrancos. Vertia morros.
Preocupava a ela e aos naturais.
Antes, nas terras secas,
guarda-chuva não lhe era coisa de gente normal. Agora, companheiro onipresente,
fere-lhe o brio e a elegância. Acostumou-se.
Um dia o mundo veio abaixo.
Estava na rua, coitada. Jatos de luz rasgavam o céu e aqueles estampidos a
ensurdeciam. Destemperou-se. Sentiu-se brejeira. Fazer o quê? Não podia nada,
era menor e sem vontade. Tentava fingir não ser com ela, em vão. Escolheu o
lugar mais seguro (na sua inexperiente avaliação) e ali, no beco, encolhida girou seus ponteiros. Ah...
Carolina sem teto e da terra!
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