Você já conheceu alguém que só em
estar por perto torna seu dia melhor? Pessoas que te inspiram com boas energias
e compartilham um astral benéfico por onde passam? Não precisa ser algo
transcendental, nem oba-oba, apenas aquela qualidade genuína de tornar o mundo mais
criativo e gentil.
São pessoas que agregam, seja pela
generosidade, pela atenção com outro, ou por uma motivação sincera de
contribuir positivamente. Nelas, é algo natural sentir felicidade por trazer a
bonança para a vida alheia. Residentes no mundo de códigos e hashtags, não se
importam com rótulos ou agradecimentos, apenas em passar adiante.
Permitem que o fluxo siga e, a
despeito da própria vontade, agem com a sabedoria e a leveza de gente grande,
que tem o coração maior que o ego. Assim, criam oportunidades e despertam no
outro o que há de mais iluminado.
Outro dia minha prima disse ter
topado com alguém assim e saiu satisfeita, preenchida por um bem-estar ao
chegar perto de um ser agregador. Até a fome que sentia na ocasião passou, simplesmente
porque se viu “alimentada” por um amor, por um abstrato que lhe trouxe mais fé
na vida e na humanidade.
Esse relato me fez pensar sobre como
anda nosso rastro, o que temos espalhado por aí. Fumaça? Fogo? Areia nos olhos
dos outros? No meio da correria diária, confesso ser difícil manter-se na linha
da leveza, da educação e da bem-aventurança. Mas vez por outra, cruzar com
esses seres “mágicos”, também renova minha crença de não precisamos pensar
sempre a partir do próprio umbigo.
Nesta vida, conheci algumas
pessoas agregadoras. Ainda dá para contar nos dedos, já que os demais por ora vivem
sob o automático. Essas criaturas que somam, servem como motivação em tempos
difíceis, nos dias em que nosso gênio indomável parece prevalecer sobre o bom
senso e a cortesia.
A depender do período da vida,
nos animamos com pessoas que agregam tipos particulares de qualidade. Neste
momento, em especial, me arrebatam as pessoas que trazem uma leveza na alma. Elas
me ensinam sobre tolerância e equilíbrio, principalmente diante de erros. Preferem
dar as mãos e seguir vivendo do que morrer na primeira esquina, empacadas na
insatisfação eterna, em busca de uma perfeição que nunca chega.
Pessoas leves não apontam o dedo,
constroem caminhos. Tampouco passam a mão na cabeça, mas acolhem o outro com
respeito, sabem honrar as batalhas que travamos ao tentarmos ser pessoas
melhores em nossos propósitos e ações.
Seres que agregam leveza têm a
minha profunda admiração. Administram com categoria as vacas magras e as fases prósperas,
mantendo o espírito jovem, porque não desperdiçam a vitalidade resmungando os
dissabores, mas sorvendo o surpreendente, que traz o vigor “castanhodo”.
Os antigos já diziam que para
manter uma vida sã, nada melhor que uma dose diária de loucura e porções semanais
de pessoas agregadoras.
Originalmente escrito para a coluna quinzenal no blog Repórter Entre Linhas.
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