Diz o mantra da prosperidade, de
autoria do terapeuta americano Bob Mandel, que “toda energia que você usa
tentando e se esforçando poderia ser facilmente aplicada para agir com
facilidade e prazer”. Bob nos convida a abrir mão da ilusão de que estamos
trabalhando arduamente, quando tudo o que fazemos é nos esforçar para atingir
metas que, na realidade, resistimos em alcançar. Portanto, “pare de fazer
esforço e avance com facilidade, confiança e alegria”, esse é o chamado.
Neste tempo de Olimpíadas, temos
visto muita disciplina, resiliência e superação. Observamos a energia de atletas
que transformam desafio em coragem, com direito a erros, acertos e
frustrações. Porém, na rotina real dos frequentadores de esporte de final
de semana, vivenciamos um diferente tipo de resistência. Aquela outra que
acredita que somente o esforço e a dor levam à vitória.
Quando nos esforçamos demais, talvez
seja apenas a vida nos convidando a ir mais devagar, a tomar outro rumo. Pode
ser aquele batido sinal (que teimamos em não ver) de que o “caminho não é por
aqui”. Você já viveu algo parecido? Teve aquele dia em que as pretensões foram
todas desmontadas pelo “acaso”, na medida em que algo maior agia? Dia em que as
expectativas escorreram pelo ralo e só restou se render?
Pois bem, desistir nem sempre é
sinônimo de fracasso, e também não é algo fácil. Porém, saber quando é hora de
parar, ou mesmo de recuar alguns passos ou decisões, é uma sutil percepção que
nos salva de muitas roubadas. Você convida um grupão para uma festa e poucos
comparecem. Celebre com os presentes. Isso não significa que você não merece
amor e atenção. Afinal, nem tudo é sobre você. Os outros também têm as próprias
questões a cuidar.
Pode ser que aquele emprego, há tanto
almejado, agora esteja disponível justamente quando você acaba de aceitar outra
proposta. Siga. Seu trabalho é requisitado para outro ambiente e isso não depõe
contra sua competência.
Sabe aquela pessoa que você
pensava em construir uma relação, família, cachorro e papagaio? Pois é, está em
outra parceria. Paciência! A vida mostra que as pessoas cruzam nossa vida para
aprendizados. Ficar ou partir é apenas parte desta jornada. O jeito é recolher
o coração e agradecer pelo que passou.
A doença ronda seus entes já
velhinhos? Resiliência. O natural da vida vem com fins e recomeços. Demonstre o
quanto aquele ser é especial em vida, sinta todo o processo, e o deixe seguir
seu curso. Às vezes, não podemos contra a morte.
Pode ser que estejamos resistindo
ao fluxo dos acontecimentos, porque acreditamos que o nosso jeito é o melhor, o
mais adequado para nós, aliás, para todos. Só que o melhor da vida é a Vida. E
essa surpresa é maravilhosa se soubermos dizer sim ao que vem, como vem e mesmo
quando não vem.
Perseverar ainda é importante,
mas teimosia nos desgasta. Há momentos que pedem a nossa desistência. Claro que
precisamos estar alertas para nossas desculpas internas frente aos estímulos.
Sabe aquele diálogo interno, nossa conversinha furada que martela a cabeça
querendo nos autojustificar? O ponto aqui é outro. É nos desapegar da ilusão de
que estamos sempre certos e sair da birra, do esforço sem sentido pelo simples desejo
de vencer, a qualquer custo, em geral, quando nem sabemos o porquê.
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